Eu sinto falta da beleza da sua alma e de como ela me aquecia. Nunca entendi bem como nos relacionávamos, já que nossa amizade era meio disfuncional. Eu era meio turrona, você era muito grosso. Eu ajudava como podia. Você tinha os problemas. As coisas meio que funcionavam até que não funcionavam mais. Eu gostava da forma que você me fazia sorrir e da forma que nos entendíamos. O problema sempre fui eu, falando a verdade. Presa a conceitos, ideias da minha mente deturpada e de um coração esfacelado, eu sempre fui a errada, a incapaz, a pessoa desajustada. Novamente, eu tentava. Você dizia que eu conseguia.
Mas será mesmo?
Se eu tivesse conseguido, não estaria sentindo sua falta. Sua alma bondosa, irradiando luz, não estaria tão longe. Mas novamente, eu fui a errada. Foi tudo culpa minha e mesmo que eu tente arrumar, nós dois sabemos que eu não posso fazer isso. Tem uma rachadura no nosso espelho, e mesmo que eu colasse com super cola, eu ainda veria as imperfeições.
Era lindo não era?
E mesmo assim, a pessoa disfuncional que eu era foi incapaz de manter a alma que eu amei. Machuquei você, matei um pedaço de mim. Parece um círculo vicioso, mas eu nunca fui normal. Até eu parar de fazer meu papel de trouxa com essa alma sarcástica e capacidade de colocar soda caustica sobre minhas cicatrizes, eu vou ficar aqui, olhando pra sua alma "imaginária" em minha mente, sentindo falta de cada pedaço seu.