Como faz tempo que não escrevo algo diferente, hoje lá vai mais um conto.
Respirei fundo e continuei a caminhar. Um sorriso singelo pendura do na face. Minha alegria constante já presente. Sorri para alguns, cumprimentei outros, conversei com vários. Era assim que sempre se seguia. Mas meu olhar bateu no dele e eu desviei primeiro, com uma naturalidade absurda. Não sei porque, mas me sentia menor diante dele.
Nossas brincadeiras, sempre tão infantis, sempre tiveram uma malícia que eu não sabia identificar como exatamente ela estava ali. E porque ela estava. Nós brincávamos, ríamos, conversávamos. E mais um dia se fora. No dia seguinte, seria a mesma coisa, e de novo, e de novo, até as férias. Aí nós nos encontraríamos em algum parque para nos divertir. Com nossos amigos por perto, claro.
Era apenas mais um dia em que estávamos com nossos amigos quando ele sentou no banco que eu estava deitada, me cutucando. Algo natural para nós. Confuso para outros. Ele me chacoalhava, eu estava com dor de cabeça. Pedi para parar, ele parou. Deu-me um sorriso e me fez apoiar a cabeça em seu colo. Aceitei prontamente. Isso aliviou minha dor.
Ele me fitava fixamente, eu podia sentir. Estava com os olhos fechados, mas seu olhar parecia insistente na minha pele. Quando abri, aliviada por minha dor ter passado, ele me sorriu, e eu o fiz de volta. Passamos o resto da tarde em sintonia e cumplicidade. Algo que me agradou por completo.
Nossos amigos me levaram em casa, e por conseqüência, ele também levou. Foi um caminho de pura brincadeira e diversão. Quando paramos em frente a minha porta, me despedi uma a um, deixando-o por último. Tive a suave impressão de que, na hora de dar-lhe um suave beijo na bochecha, ele demorou mais que os outros, além de ter sido mais próximo a boca dele do que o normal. Adentrei minha casa e não olhei para trás, mas sabia que ele ainda estava a me observar.
No dia seguinte, foi como sempre, conversei, sorri, brinquei. Mas com ele, tudo foi um pouco a mais. Eu sorria mais para ele, falava mais com ele, conversava mais com ele, olhava mais para ele... E assim foi, durante todo o período que estivemos juntos. As brincadeiras entre nós, incessantes, sempre eram mais fortes, tinham uma ligação a mais. E eu, boba, não havia percebido. Até a hora de ir embora.
Lá estávamos nós, nos despedindo. Eu seguia um caminho diferente do restante, então era uma das primeiras a ir. Ou uma das últimas. Parei perto dele, não havia quase ninguém perto de nós. Ele havia acabado de fazer algo irritante para mim, e eu estava pronta para dizer-lhe alguns desaforos. Mas ele simplesmente sorriu e pediu desculpas, de uma forma que fez com que eu esquecesse o mundo a minha volta. Recuperei a compostura rapidamente e balancei a cabeça. Aproximei meu rosto do dele, pronta para dar-lhe o rotineiro beijo na bochecha de sempre. Mas dessa vez, meu beijo acabou no canto dos lábios dele.
Fingindo não ter notado, apesar de minha pulsação ter disparado, me afastei tranqüilamente e observei sua face. Ele sorriu para mim e me deu um beijo nos lábios. Um selinho. Que me fez sorrir para ele e ir embora. No caminho de casa foi quando percebi que aquilo significava mais para mim do que para ele. Eu o amava. E dessa vez seria como sempre era para mim, apenas mais um conto sonhado sobre aquele que eu amo. Um conto sobre você.
Algumas semelhanças com a minha realidade. Até a próxima õ/
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