sábado, 30 de março de 2013

Quadril

Ele observava, como quem não quer nada, a movimentação na pista. Um tipo específico de movimentação lhe chamava a atenção de uma forma bastante prazerosa. O balanço do quadril feminino era algo sublime de olhar. Claro, sem roupas era absurdamente melhor, mas não importava se estava ou não com roupas naquele momento. Mulheres sabiam ser sexies de uma jeito que homem nenhum conseguiria entender mesmo que tentasse. Era por isso que o balanço do quadril feminino lhe chamava tanto a atenção. E havia um em especial que merecia toda a sua atenção.
Aquela jovem, garota, mulher (porque não importaria muito a idade dela para Nathan, ia apreciar da mesma maneira), vítima de seus olhares, sabia o que estava fazendo. Ela balançava a quadril ao ritmo da música de uma forma no mínimo hipnotizante. Era um para-lá-e-para-cá alucinante. Os cabelos longos balançando junto e quase encostando na parte mais avolumada do quadril era algo tão excitante que não dava para simplesmente ignorar, mesmo que quisesse. Os fios de um tom castanho puro e cacheados nas pontas chamava a atenção para outra parte exposta ao seus olhos: a região do umbigo revelada pela blusa curta que ela usava. A pele levemente dourada pelo sol parecia seda pura e implorava por toques ousados. E em conjunto que aquela jeans apertada que salientava os quadris, era o auge da provocação.
A mente de Nathan não conseguia se desvencilhar das imagens profundamente eróticas que rondavam sua cabeça. Se perguntava o que mais ela poderia fazer com os quadris. A resposta para aquela pergunta fazia seu corpo tremer de desejo para saber qual seria a melhor forma de respondê-la. Também se perguntava como ela reagiria se colasse seu corpo as costas dela e virasse o rosto feminino para beijá-la. Será que ela o rejeitaria?
Procurou olhar em volta para ver os possíveis rivais. Mas ao observar superficialmente, não dava para saber. Ela dançava sozinha na pista. Ela, com aquele rebolar de desbancar até o mais frio dos homens, não parecia estar acompanhada, nem estar chamando atenção. Ou será que estava? Olhou em volta a procura de um possível motivo e viu um grupo de mulheres, todas acompanhadas, observando-a. O grupo parecia conspirar em relação a ela, como se a protegessem de longe. E observando por mais algum tempo, era isso que acontecia. Quando alguém fazia menção de ir até ela, algum daqueles brutamontes do grupo se aproximava e tinha um pequeno chit-chat com o rapaz e ele logo desistia da idéia.
Nathan sorriu consigo mesmo, isso parecia perfeito. Ela deveria ser sua melhor conquista na noite. Resolveu aceitar o desafio silencioso que aquele grupo de pessoas parecia lançar a todos os homens que pusessem os olhos famintos sobre aquele quadril hipnótico. 
E sem olhar uma segunda vez para ela, ele começou a dançar na pista, se aproximando aos poucos, sem que o grupo percebesse. Algumas músicas depois, ele estava há um passo de distância dela, de costas, dançando casualmente, sem se importar, mas atento a movimentação do grupo que a cuidava. Em um momento de distração deles, Nathan se virou, colocando as mãos na cintura delgada e colando seu corpo às costas dela e acompanhando seu rebolar. Seu rosto e respiração foram parar no pescoço aveludado (e com um cheiro tão gostoso e sexy que Nathan teve que evitar de gemer. Se o contato com o corpo dela já era extasiante, somar isso ao cheiro era avassalador). Um riso divertido ecoou em seus ouvidos apesar da música alta.
- O que é tão engraçado? - Perguntou com os lábios quase grudados a orelha feminina e delicada. As mãos dela, quentes e macias se comparadas as de Nathan que eram congelantes, foram parar no pescoço feminino, para aproximá-lo mais e passar pelos seus cabelos.
- Você conseguiu driblar meus protetores. É um vencedor - Ela falou suave e a voz pareceu familiar a Nathan, mas ele não imaginava como. Se alguma vez na sua vida tivesse visto aquele quadril, com certeza estaria guardado em sua memória a dona de tal bela curva.
- Eu me esforcei para isso. Mereço um prêmio não acha? - Perguntou insinuante, rebolando junto dela enquanto ela dava outro riso curto e divertido.
- Primeiro deixe-me ver o rosto de meu algoz - Ela falou e, em um movimento rápido, ele girou a cintura em suas mãos, fazendo o corpo dela virar de frente para o seu e grudar o corpo feminino junto ao seu. Os cabelos longos giraram junto e bateram no rosto de Nathan, mas ele não se incomodou com isso. O que lhe chamou a atenção foram os olhos verdes que lhe fitavam, tão próximos uma vez que seus rostos estavam quase se tocando. Ele conhecia aqueles olhos. Era sua colega da faculdade.
Ficou surpreso por um segundo ao se lembrar dela. Tinham poucas aulas juntos. Seu nome era Ariana. E ele, tinha de admitir, não sabia que ela tinha um quadril tão sexy. Como diabos nunca notara a garota, era o que se perguntava naquele instante. Nos olhos dela, ele observou, um brilho de reconhecimento passou rapidamente, e então ela deu um sorriso de lado, malicioso, e Nathan não pode deixar de gostar.
- Decepcionada? - Perguntou em seu ouvido, sentindo ela se arrepiar com a sua respiração em seu pescoço.
- Nem um pouco - Foi a resposta dela no seu próprio, uma das mãos segura em seu pescoço, voltando a dançar e o fazendo acompanhar seu ritmo. Natham adorou a forma deliciosa que o corpo dela ondulava junto ao seu.
- Porque tantos protetores? - Ele perguntou novamente em seu ouvido, sentindo ela ficar um pouco tensa no processo.
- Acabei um relacionamento há pouco. Eles não querem nenhum engraçadinho dando em cima de mim - A tensão era visível no corpo dela e Nathan percebeu que ela não queria falar sobre aquilo.
- Bem, já que viu o rosto deste hábil algoz, que tal meu prêmio agora? - Ele perguntou com um sorriso se afastando da orelha feminina e olhando-a nos olhos, os rosto novamente quase se tocando de frente. O corpo dela relaxou com o súbita mudança de assunto e o sorriso malicioso e zombeteiro voltou.
- Bem, acho que você já pode pegá-lo - Nathan não precisou de outro estímulo para beijá-la. Seus lábios encontraram os dela sem esforço e ela não ofereceu barreira nenhuma para ele no processo. Ele sentiu o desejo arder em sua corrente sanguínea ao notar que não havia nada que lembrasse álcool no hálito feminino e pensou que queria todas aquelas imagens eróticas postas em prática com aquela mulher deliciosa em seus braços.
****
Ao acordar em seu quarto, Nathan só tinha um pensamento coerente passando a sua cabeça ao sentir um corpo aveludado em seus braços sob os lençóis de sua cama: Aqueles quadris poderiam fazer qualquer homem delirar. Ele não tinha idéia de como não os tinha notado antes e uma certeza em mente: eles eram incrivelmente viciantes e ele precisava de mais.
---------------------------------------------------------------
Raramente me aventuro em narrativas sob o ponto de vista masculino, mas acho que esse ficou ótimo.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Língua

Estava lendo e resolvi criar. Uma short-one dessa vez, depois de tanto tempo sem criar.
------------------------------------------------
A língua dela coçava de uma forma quase dolorosa. Tinha algo estranho. Algo fora do lugar. E ela não conseguia discernir exatamente o que era. Havia começado há alguns poucos dias, dois ou três. Ela não lembrava. Começara devagar, sem ser notado e de forma inoportuna. Crescera de uma forma gradual e cheia de significados. Até se tornar um comichão doloroso e insuportável. Algo que não fazia perder sua concentração e querer chorar de frustração.
Outra coisa que lhe irritava era a forma trêmula que suas mãos pareciam viver. Trêmulas para acariciar seus cabelos longos e suaves, trêmulas para fazer suas anotações e definitivamente trêmulas e hesitantes para tocar outras pessoas, mesmo que isso fosse necessário. Elas não obedeciam os comandos de seu cérebro e pareciam ter vontade própria. Pareciam perder a força momentaneamente e isso a irritava.
E as respostas de seu corpo a estímulos diversos, como fome, dor de cabeça o ou simplesmente a dor, pareciam alterados. Estaria doente? Suas mãos não funcionavam, sua língua estava alterada e seu corpo parecia não responder a nada. O que estava errado? Não conseguia entender.
E então, um par de mãos encostou em sua cintura, e seu corpo pareceu corresponder automaticamente. Sua pele se arrepiou, sua força voltou e seu coração bateu em um ritmo desenfreado. Ela reagiu. Suas mãos deixaram sua fórmula tremulante para parar em cabelo macios, que não os de sua dona, e puxaram levemente, foi a firmeza que antes sumira. E sua língua?
Ah, sua língua agora estava em êxtase. Em contato com outra, de forma exigente, de um jeito lento e sedutor, que fazia com que seus outros sentido parecessem entrar em colapso por estarem trabalhando tanto em tão pouco tempo. E a coceira? Ela havia evaporado com o gosto dos lábios de seu companheiro.