quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Saudades

O lugar estava lotado e eu sumia dentro da multidão, passando despercebida logo quando eu não queria. Isso soava irônico para mim. Eu normalmente gostada da invisibilidade, já que eu chamava atenção só pelo jeito de falar. Chegava a ser irritante não chamar a atenção logo hoje que eu queria. Ansiosamente olhava para o relógio para ter certeza de que não estava atrasada. Mais nervosa por dentro que por fora, meus tiques nervosos apareciam de vez em quando apenas para afirmar o quanto eu estava ansiosa. Coisa tão típica minha.
- Acalme-se por favor, você está me dando nos nervos sabe? - Uma voz falou perto de mim e eu sorri nervosa ao virar a cabeça em direção ao dono. Por um segundo, eu tinha esquecido que meu amigo estava aqui comigo.
- Não consigo evitar. É mais forte que eu - Falo com um sorriso de desculpas, sabendo qual seria sua próxima reação. Ele revirou os olhos, deu uma bufada e fez um bico com os lábios.
- Nunca vi você nervosa nem em dia de prova. Aí hoje você parece que vai explodir de tanta inquietação.
Eu ri comigo mesma e dei a língua para ele. Eu sabia que ele estava certo. Mas ninguém poderia me culpar por estar daquele jeito. Provas, entrevistas de emprego, essas coisas são corriqueiras para mim. Não há porque ficar tão nervosa em relação a isso. Agora, quando eu encaro a situação inusitada que eu estava agora, é óbvio que eu ficaria nervosa. Eu estava longe do meu status quo de vida.
Eu voltei meu olhar para onde as pessoas saíam, procurando o que esperava. Já fazia em torno de uma hora que eu estava ali. E sabia que provavelmente não estava atrasada. Ou ao menos assim eu achava. Então agora era ficar olhando igual uma retardada para o portão até que eu conseguisse visualizar meu objeto de desejo. Claro, objeto no modo de falar.
Eu esperava uma pessoa.
Suspirando fundo, voltei a analisar as pessoas que saíam pelo portão quando algo naquela multidão me soa familiar. Cabelos escuros, lisos e um pouco compridos. Rebeldes e com um par de mãos conhecidas passando por eles. Meus olhos imediatamente focam na figura.
Meu coração quase para.
Minha voz some. É quase impossível respirar. E impossível de acreditar.
- Achei - Falo baixinho, minha voz me traindo.
No segundo seguinte, eu passo a correr. Independente do que as pessoas possam achar e do que qualquer um possa dizer, o mais importante é correr. Gritando palavras que só ele iria reconhecer, eu continuo minha jornada para alcançá-lo. Naquele momento, só existe ele na minha visão. Eu sinto algo descer por meu rosto mas nem me dou ao trabalho de saber o que é. Eu só continuo desviando e repetindo em uma voz trêmula, não digna de mim, "Excuse me" ou "Sorry" para as pessoas enquanto abro caminho no meio da multidão.
E como um passe de mágica, o mundo parece se abrir. Eu paro e olho para ele. Ele me encara. Por segundos, que parecem séculos. meu olhar se reconhece no dele. Nós nos achamos naquele singelo segundo. E então eu volto a correr, sabendo que os braços dele estarão ali para me abraçar.
É inevitável, quando eu me aproximo o suficiente, eu me jogo em direção a ele porque sei que ele vai me amparar. Ao sentir os braços dele em volta de mim, não há segurar. Eu me sinto em casa. E é a melhor sensação do mundo. Os braços dele são quentes e então eu me dou conta, quando ele fala, do que é que está no meu rosto.
- Por que vocês está chorando?
Lágrimas. Eu, uma pessoa que não choro tão fácil, estou me esvaindo em lágrimas. Aperto o corpo dele contra o meu em busca de amparo. Seu calor não parece real, mas eu sei que é. Ele finalmente está aqui.
- Saudades.
Levanto meu rosto para o dele e vejo seu sorriso. Eu quase não lembrava mais dele. Mesmo com as inúmeras fotos que tenho. Escondo meu rosto em seu pescoço por alguns segundos, enquanto ele sussurra em meu ouvido "Não chore, eu estou aqui".
Eu não me sentia mais sozinha.
Ele estava ao meu lado novamente. E tudo parecia certo. Não existia mais aquela dor no meu peito que eu havia descoberto ser saudades.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Postagens Aleatórias #96

[...]Lento e sensual. Perfeito
Os pés se moveram antes que notasse. Os braços resolveram acompanhar. E então os cabelos foram ao vento e sua boca fazia sons. E ritmadamente se movia. Um sorriso despontava dos lábios, e seus olhos fechados ajudavam a espalhar a sensação de felicidade que se espalhava. Umedeceu os lábios com a língua lentamente, o sorriso ainda presente. A cabeça se moveu, os ombros também. E então suas mãos foram para seu novo parceiro e a dança continuou. O ritmo da música inundou seus corpos e eles passaram a bailar juntos, noite a dentro, para satisfazer unicamente a vontade dela de sair para dançar. [...]

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Postagens Aleatórias #95

[...]Minha cama tá revirada e minha vida bagunçada. Quando você saiu do meu quarto, não houve mais sossego. Se importa de trazer de volta a minha paz? Por que eu to aqui, confusa e sozinha, e ficar nessa loucura não dá mais.[...]

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Postagens Aleatórias #94

[...]A noite nunca lhe parecera tão longa.
Mal conseguia ver a lua no céu. As estrelas não estavam visíveis no céu nublado daquela noite. As arvores faziam barulhos horripilantes e a floresta parecia aterrorizante. Fora impossível evitar se perder. Tudo parecia borrado, sua visão turvava no escuro e seu guia estava sumido. Havia se perdido dele. Por isso rodava e rodava pela floresta em busca de algum padrão reconhecível que lhe levasse para casa. Mas era impossível. Quanto mais se movia, mais se embrenhava na floresta. As coisas não poderiam estar melhores. Em meio aquele silêncio opressor, o farfalhar de folhas na floresta lhe despertou os sentidos. Com a visão obscurecida, procurava aquilo que havia quebrado o silêncio como se fosse um grito histérico. Mas naquele breu, era impossível ver qualquer coisa. O farfalhar, agora mais intenso, parecia vir de todos os lugares. Foi aterrorizante quando sentiu algo quente ser soprado em seu rosto. Mesmo na escuridão, algo selvagem brilhava. Por segundos, sua respiração morreu. A selvageria explicita, o cheiro de maldade, aquilo impregnava o ar a sua volta. Era impossível se mover. Algo tocou-lhe o corpo, e o torpor fez com que deixasse. Não havia o que fazer. Foram segundos mais até outro farfalhar e a atmosfera sumir, junto com o que quer que fosse de selvagem que estava ali. Ao olhar para seu salvador, viu seu guia. Quase chorou de alegria ao ver que nada de mal lhe aconteceria. Por enquanto, era o pensamento de seu quase-captor.[...]

domingo, 28 de setembro de 2014

Postagens Aleatórias #93

[...]1, 2, 3, 4... 1, 2, 3, 4... 1, 2, 3, 4...
Aquele era um para lá e para cá constante. Um equilíbrio teoricamente saudável que se mantinha ao longo das passadas. Mexia para um lado, mexia para o outro, mas o ritmo era teoricamente o mesmo. Teoricamente.
1, 2, 3, 4... 1, 2, 3, 4... 1, 2, 3, 4...
A pausa entre uma sequência e outra era mínima, quase não dava para notar. Mas ela estava ali por um motivo óbvio. Era necessária. Claro, isso é fácil de dizer. O problema se manifestava na hora de praticar.
1, 2, 3, 4... 1, 2, 3, 4... 1, 2, 3, 4...
Aquela era a dança da sua vida. Os números demonstravam os passos que dava em direção ao seu futuro. A pausa era feita para demonstrar quando parava para fazer suas escolhas. No meio daquilo, uma decisão. Uma única. Ele. A pausa fora maior que todas as outras. Os medos e incertezas, que lhe enchiam toda vez que deveria pensar em seus passos seguintes, foram maiores. Não sabia o que fazer. 
1, 2, 3, 4... 1, 2, 3, 4... 1, 2, 3, 4...
No fim, optou conscientemente pelo sim. Acostumou-se a arcar com as consequências de todas as suas decisões. Sua valsa continuou. Mais ritmada. Mais alegre. Mais feliz. A partir dali, suas escolhas se tornaram mais fáceis. Quando tinha que se separar dele, era só um passo ensaiado longe do dele. Logo seus passos voltariam a estar juntos e a valsa continuaria seu rumo. A valsa dele junto com a sua. Ele seria seu parceiro de dança.
1, 2, 3, 4... 1, 2, 3, 4... 1, 2, 3, 4... [...]

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Postagens Aleatórias #92

[...]Suas mãos estavam por toda a parte.
Seu beijo sôfrego chamava por mim e suas mãos clamavam pela minha pele. Sua língua me enlouquecia e sua respiração estava perdida, junto com a minha. Seus olhos devoravam minha alma e seu cheiro entorpecia meus sentidos. Tudo nele me deixava alerta, sensível, desejosa. E eu queria mais, muito mais. Sua boca de tempos em tempo desgrudava da minha, apenas para me dar mais prazer. Seus movimentos iam e vinham, mas ele não me dava o que eu queria. Ele me torturava. E eu amava isso. Sua boca então ia para lugares diferentes e eu arfava desejosa por mais. Por ele. Quando ele resolveu acabar com minha tortura, eu já estava por um fio.
E uma dor preencheu minhas costas.
"Mas que porra...?"
Olho em volta. Minhas cobertas enroladas parcialmente em mim e minha cama acima de mim, a poucos centímetros de distância. Sozinha. Praguejei irritada e violenta contra meu azar. Fora só um sonho.[...]

domingo, 10 de agosto de 2014

Postagens Aleatórias #91

[...]I miss you already.
Sinto falta das suas mãos me tocando e do seu beijo me consumindo. Sinto falta do seu cheiro me embriagando e de seu corpo me esquentando. Sinto falta da sua respiração próxima a minha, das suas mãos juntas as minhas e de sua voz sonolenta me mandando voltar pra cama. Sinto falta do seu braço em volta da minha cintura não me deixando ir pra longe. Sinto falta do seu olhar que me deixa encantada e do seu sorriso que me contagia. Sinto falta da sua voz sussurrando em meu ouvido o "Eu te amo" mais lindo que eu já recebi. Sinto a sua falta, e quero você de volta aqui.[...]

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Postagens Aleatórias #90

[...]Ás vezes tenho medo de perder você.
É meio irracional, eu sei. Mas não consigo evitar. Sou tão apegada, gosto tanto, sou tão apaixonada, que não consigo evitar um pouco de medo. Você é demais pra mim e isso me assusta um pouco. Você é bom demais para mim. E então tenho medo que você ache alguém que te mereça mais do que eu. E que eu tenha que dar meu braço a torcer para essa pessoa e não possa nem lutar porque não mereço fazê-lo. Não deixo isso me dominar, óbvio. Não sou burra. Mas é mais forte que eu. [...]

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Postagens Aleatórias #89

[...]Eu estava sentada embaixo da janela. O sol batia em minhas costas e eu me sentia confortavelmente entusiasmada com meu livro de aventura. Folheei mais uma página, rindo de uma piada, quando minha leitura foi interrompida por um par de mãos. Levantei os olhos para seu dono, que estava próximo o suficiente de mim para que eu sentisse sua respiração. Dois segundos foi o tempo que levou para ele pressionar seus lábios nos meus e arrancar-me um sorriso no processo. Satisfeito com sua obra, ele se afastou e voltou a sentar em seu computador como se nada tivesse acontecido. Meus olhos ainda demoraram a desviar de sua figura e voltar para o livro. Um tempo depois, tendo desistido do livro, eu olhava televisão distraída quando minha visão foi interrompida por um corpo que se pôs em minha frente. Eu levantei meus olhos, interrogativamente, e recebi uma careta engraçada e um sorriso. Comecei a rir desenfreadamente diante da palhaçada e, quando mais calma, peguei-lhe a mão. Beijei o pulso e sorri gentil, acariciando a pele dele com a lateral de meu nariz. Quando levantei os olhos para os dele novamente, seus olhos brilhavam e seu sorriso me consumia. Desviei meu olhar para longe, embaraçada, e ele saiu da minha frente para sentar ao meu lado. Apagou a televisão e virou meu rosto para o dele. Beijou meus lábios com lentidão e sem pressa. Suas mãos estavam sobre as minhas. Eu suspirei ao término do ato e deixei meus olhos encontrarem com os dele. Havia um sorriso ali. Assim como eu sabia haver em mim. Nunca fora tão fácil sorrir quanto era agora.[...]

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Postagens Aleatórias #88

Continuação direta da Postagem Aleatória #87
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Lily apareceu radiante em minha visão. Ela saltitava até mim como se não houvesse nenhum mal no mundo. Ao redor dela, sua aura de felicidade acabava por chamar a atenção das pessoas a sua volta. Ela saltou em minha frente e beijou-me os lábios com delicadeza, se espichando toda para ficar na mesma altura que eu. Sorri contra seus lábios antes de levantar o olhar para seu acompanhante. Passei o braço pela cintura da minha criança e a abracei contra mim, escondendo-a e beijando-lhe os cabelos.
- Apresente-o, criança - Demandei firme, olhando para o rapaz a minha frente com a sobrancelha arqueada. Lily sorriu contra meu pescoço e mordeu a região, afastando-se de mim logo em seguida.
- Lizzy, este é Heron - A minha criança se voltou para perto do rapaz que lhe acompanhava e abraçou-se a ele, beijando os lábios do mesmo em seguida.
Eu sorri de lado. Heron. Heróico. Isso soava quase irônico. O rapaz já tinha no nome o nível de sua missão com Lily: heróico. Eu apenas acenei com a cabeça para ele e comentei:
- Nome antigo. - Lily apenas sorriu encabulada para mim. Aquela era a minha criança.
Observei atentamente a interação entre os dois. Lily olhava para ele como se ele houvesse salvado-lhe a vida. Enquanto ele olhava para ela com olhos brandos e gentis. Eu diria apaixonados, mas isso apenas o tempo iria me dizer.
Lily havia passado um ano fora. Desde aquele lá ela havia entrado tanto nos estudos que eu tinha de arrastá-la para a diversão. Óbvio que eu cuidava dela. Mas mesmo assim...
Puxei o maço de cigarros do meu bolso traseiro e coloquei um na boca, olhando para o nada. Pela minha visão periférica, vi Lily apenas balançar a cabeça em irritação. Peguei o isqueiro dentro do meu bolso e acendi meu vício. 
O prazer da primeira tragada foi intenso.
- Isso vai lhe matar.
Eu rio irônica.
- Tem coisas piores.
Eu e Lily rimos e ela se despede de mim. Enquanto vejo ela caminhar de mãos dadas com o seu rapaz, eu fico observando sua aura serena emanar alegria. Havia algum tempo que eu não a via assim. Eu me esforcei mais do que eu podia para vê-la feliz. E nada no mundo se comparava àquela visão. Dou mais uma tragada  no cigarro quando sinto uma mão sobre meu ombro.
- Quem é ele?
Com um suspiro longo, me viro para James. Ele olhava fixamente para o casal que a pouco me deixara. Viro meus olhos para minha menina e suspiro pesadamente. James era um idiota. Um idiota que amava minha menina, mas ainda assim um idiota. Um idiota que conseguira perdê-la do jeito mais estúpido possível.
- É o noivo dela.
Os olhos de James apenas viraram imediatamente para mim, assustados. Em seguida, sua risada seca ecoa em meus ouvidos. Sua expressão era branca, embora eu conseguisse distinguir traços de dor por ali.
- Tarde demais, não? - Ele me perguntou, amargo.
- Eu te avisei.
Apenas coloquei o cigarro já apagado no lixo e saí andando. James ainda me chamou uma ou duas vezes, mas eu coloquei minhas mãos no fundo dos bolsos e o ignorei. Eu avisara ele sobre perdê-la. Ele havia perdido. E para uma espécie de herói. O herói que ela precisava.

sábado, 31 de maio de 2014

Postagens Aleatórias #87

Ela veio correndo para mim e pulou no meu colo chorando. Quando seus braços rodearam minha cintura e seu choro ficou desesperado, eu sabia que as coisas estavam piores do que eu pensava. Passei meus braços em volta dela protetoramente e comecei a conduzi-la por meu apartamento, a até que chegássemos ao meu quarto. Ela chorava ininterruptamente e eu sentia sua lágrimas em minha pele. Seu choro dolorido machucava meu coração, mas eu precisava que ela estivesse segura primeiro. Sentei-a entra as minhas pernas no meu colchão e deixei que chorasse bastante. Eu cantava a lullaby que eu criara para ela tentando acalmá-la, para ver se adiantava. Quando ela pareceu menos desesperada é que comecei a perguntar:
- O que foi minha criança? O que aconteceu?
Seu rosto, escondido em meu ombro, se mexeu e eu senti uma mordida no local. Ela afundou um pouco os dentes e eu sabia que a pele ia ficar marcada por algum tempo, mas não reclamei. Quando ela parou o aperto na pele, eu sabia que ela conseguiria falar sem cair em pranto desesperado de novo.
- Ele não me ama.
Aquela frase me fez suspirar. Eu já sabia disso. Eu sempre soubera. Só que eu não podia simplesmente falar para ela largá-lo. Ela o amava. De que adiantaria eu ser cruel aquele ponto? Eu beijei-lhe a testa carinhosamente e passei a ponta dos meus dedos por seu rosto, acarinhando o rosto lindo da minha criança.
- Eu entreguei meu coração a ele - Ela falou com a voz quebrada e meu coração se apertou por causa dela - E ele disse que me ama desse jeito: da mesma forma que ama ao irmão.
O pranto dela voltou, e eu senti ela cheirar meu pescoço, enquanto mordia a região. Eu imaginava que a dor que ela estivesse sentindo fosse tão forte a ponto dela precisar extravasar de alguma forma. Por isso ela me mordia. Para que a dor diminuísse um pouco. Acarinhei seu cabelo longo e suspirei, tentando ignorar a dor em meu pescoço. Fiquei olhando para um ponto qualquer do meu quarto enquanto deixava ela deixar seus problemas em meu colo. Eu sabia que isso era só o começo. Ela precisava e muito de mim. Olhei para meus cadernos espalhados em minha escrivaninha. Isso poderia esperar.
Continuei a cantar para ela enquanto mexia distraída em seus cabelos. Ela volta e meia mordia mais forte meu pescoço, e logo depois aliviava. Ficou nesse aperta-e-segura até que eu não senti mais seus dentes em minha pele. Sua respiração havia acalmado. Ela dormia.
Com cuidado, retirei-a do meu colo e deixei ela melhor acomodada em meu colchão, cobrindo-a para que não sentisse frio. Fui até a janela do meu quarto e olhei para o por do sol. Ela havia chegado aqui próximo ao meio-dia. E só agora parecia mais calma. A noite seria longa.
Fechei as cortinas e dei uma olhada nela uma última vez antes de sair do quarto. Andei pelo corredor até chegar a sala. Na mesa, meu celular tinha o led piscando. Alguém estava atrás de mim. Sem olhar quem era, apenas retornei a ligação.
- Ela está com você Lizzy? - Quando reconheci a voz, quase engasguei. Era ele. O cara que jogara minha menina para escanteio.
- Onde mais ela estaria, James? - Perguntei olhando pela janela da sala.
- Ela saiu daqui sem dizer nada, nem tchau me deu. E ninguém sabe dela. Você era minha última esperança. - Eu caminho até minha bolsa e pego um cigarro de meu maço, indo até janela em seguida junto com isqueiro na mão.
- Ela sempre corre pra mim quando algo dá errado. Por que você ainda parece surpreso? - Pergunto, fazendo algum malabarismo e conseguindo acender meu cigarro. Dou uma longa tragada, sentido a fraqueza da primeira revitalizando meu corpo e tirando-me a tensão. As vezes, eu acho que só fumo por causa da primeira tragada. Óbvio que sei que não é por isso, mas gosto de me iludir um pouco. Deixo uma baforada pairar para fora do meu apartamento e paro de divagar com a voz no telefone.
- Ela está tão mal assim? - Ele me pergunta receoso e eu suspiro, dando outra tragada.
- Ela está comigo não está?
- Não foi minha intenção, Liz. Eu só...
- Achou que ela ia aceitar numa boa? - Interrompi ele olhando para o nada - Lily te idolatra. Desde que pôs os olhos em você. E parecia uma criança em manhã de Natal ao falar de você. E com certeza era uma criança em manhã de Natal ao estar com você. Ela vai ser forte e aceitar o que você disponibilizar a ela numa boa. Mas isso é só por fora. Seria melhor se você tivesse só dito que não queria mais nada com ela. Agora dizer para serem amigos? Isso, meu caro, foi um golpe baixo. Muito baixo.
- Há vários caras por aí. Ela com certeza vai me esquecer.
- Não, não há vários caras por aí. Lily estava acabada, ela nunca mais vai ter um relacionamento por causa de você sabe quem. E então você chega como uma manhã ensolarada após uma semana chuvosa e acha que pode simplesmente depois de alguns dias mostrar dias apenas amenos? Nada vai ser a mesma coisa pra ela.
- Mas achei que isso vai ser a melhor forma de tê-la por perto sem magoá-la.
- Entenda de uma vez por todas James: Você vai perdê-la. E eu não vou interferir nisso. Ela vai sim te esquecer. Só que do jeito mais doloroso pra você. Ela vai se afastar muito devagar. E você nem vai ver. Só que quando você quiser o colo dela, ela vai estar longe demais do seu alcance para te ajudar. E então você vai descobrir que não deveria ter feito o que está fazendo.
- E então eu não vou tê-la nunca mais, é isso?
- Já aconteceu antes. Todos se arrependem. Mas é um caminho que não tem volta. - Dou a última tragada em meu cigarro, antes de jogá-lo no cinzeiro mais próximo. Eu havia terminado com ele tão rápido que não sentira. Preocupante, no mínimo.
- Eu preciso pensar.
- Não demore Jay. Pode ser que quando você se decidir, seja tarde demais.
James não respondeu mais e eu sabia que ele havia desligado. Jogo meu celular no sofá e fecho a janela. Volto para o quarto e Lily se move, abrindo os olhos lentamente. Eles estão vermelhos por conta do choro. Sento junto a ela e a puxo para mim, acariciando seus cabelo. Ela cheira meu pescoço e faz um barulho engraçado.
- Você estava fumando Lizzy.
- Sim.
- Isso é nojento.
- Shiu criança.
Ela dá uma risada baixa e levanta o rosto para o meu. Beija meus lábios carinhosamente e se aconchega novamente em mim.
- Obrigada Liz. Obrigada por estar aqui.
Eu apenas a aperto no abraço, sem dizer nada. James não sabe a sorte que tem por ter essa criança irritante ao lado. Provável que nunca vá saber. Mas quem sabe eu não tenha posto juízo na cabeça dele, não?

domingo, 25 de maio de 2014

Postagens Aleatórias #86

[...]Gosto de pessoas de riso fácil e contagiante. 
Com aquele sorriso sincero e espontâneo, que chega a causar inveja em qualquer um pela beleza do sorriso. Gosto quando os olhos sorriem ao me ver, junto com os com os lábios, que acompanham a risada. Gosto dessa sintonia sincera entre os dois. Não gosto de sorrisos comedidos e que estão ali só para aparecer, gosto da beleza simples e única do ato. Gosto quando a pessoa simplesmente não liga para a risada espalhafatosa ou o jeito extravagante. Gosto ainda mais quando a sincronia entre sorriso nos lábios e nos olhos é culpa minha. Meu coração se enche de alegria quando isso acontece. Gosto também dos sorrisos tímidos, daquelas pessoas que não sorriem porque acham ele feio. São sorrisos tão lindos, e que acompanham tão simplesmente os olhos que não tem como não gostar. 
Olhos e sorrisos são duas coisas que me enfeitiçam completamente. E é fácil deduzir pelo o que eu me apaixono primeiro ao olhar para uma pessoa. [...]

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Postagens Aleatórias #85

[...] Oi, me beija mais uma vez. Só mais uma. E talvez mais muitas. Sabe o que é? É que o gosto do seu beijo ainda está na minha boca e está me dando uma agonia desgraçada não conseguir sentir ele de novo, então fica essa agonia me incomodando dia e noite, tirando meu sono e me impedindo de me concentrar. E daí eu sinto que se eu te beijar de novo, quem sabe passe a agonia. Claro que se você parar de me beijar, a agonia volta. Mas quem disse que eu vou deixar você parar não é mesmo? [...]

domingo, 11 de maio de 2014

Postagens Aleatórias #84

[...]Eu stalkeio mesmo. E não estou nem aí.
Eu vou lá no seu perfil e vejo quantas curtidas tem na minha foto favorita sua, e quero saber quantas são femininas e se aquela que eu não gosto também curtiu. Eu olho o perfil de cada uma delas e me pergunto como é sua relação com elas. Faço isso mesmo, e não tenho vergonha. Todo mundo faz isso, eu apenas não me importo que todos saibam. Porque eu gosto de saber cada detalhe seu e captar seus nuances no dia a dia. E quero esses detalhes só pra mim. Mesmo que eu saiba que não posso. Então me contento quando você simplesmente muda sua foto de perfil porque eu disse que amei outra. Amo mais ainda quando você coloca a foto que eu amo porque você está sorrindo, mesmo você a odiando. Você é tão especial pra mim que eu dedico uma parte especial do meu dia apenas para saber, stalkear você.[...]

terça-feira, 6 de maio de 2014

Postagens Aleatórias #83

Ela era minha heroína.
Acho que ela sempre foi e eu nunca me dei conta. Ela era forte como ninguém. Eu a vira chorar poucas vezes, e todas foi por mim. Ela chorava para me proteger, para que eu não sofresse. Lembro até hoje a primeira vez que a vi chorar. Eu era boba, não entendia direito o que estava acontecendo, mas eu lembro claramente dela ir se esconder no banheiro. Eu, curiosa, fui atrás dela para saber o que estava acontecendo. Ao entrar no banheiro, eu a vi sentada, com o rosto entre as mãos. Eu lembro que sentei na frente dela e tirei-lhe a mão do rosto para ver seus olhos. Quando os meus, castanhos, encararam os dela, verdes, eles estavam inundados. Eu peguei-lhe as mãos e perguntei "O que houve? Por que você está chorando?" e ela simplesmente passou a mão pelo meu rosto e beijou minha testa. Naquele momento, o que quer que eu tivesse feito de errado, eu queria consertar. Daquele momento em diante eu decidi que eu nunca mais queria vê-la chorar por minha causa. Só queria que ela sorrisse, orgulhosa de mim. 
É uma promessa que mantenho até hoje. E faço de tudo para cumpri-la. Não é fácil, eu erro às vezes, mas o objetivo é sempre o mesmo: fazê-la orgulhosa de mim
Ela é uma guerreira. Nunca vi ninguém lutar contra tudo e contra todos com tanta força e tanta garra. Ainda mais em meu favor. Eu lembro de uma das poucas vezes que ela abriu a boca contra alguém que eu tivesse grande estima. Eu estava magoada e me tranquei no banheiro, chorando desesperada e sem saber o que fazer. Eu me sentia perdida e desamparada. Eu ouvi a voz dela do outro lado da porta, pedindo para entrar, para que eu dissesse o que estava acontecendo. Entre soluços e lágrimas, contei-lhe o que me afligia. Eu sentei no chão e me abracei, em completo desânimo. Eu lembro que ela entrou no banheiro, me puxou para perto e me falou as palavras mais encorajadoras e mais ferozes que eu já tinha visto em minha vida. E principalmente, para mim. Ela discursava com paixão e me estimulava a continuar minha vida com uma chama nos olhos. Seus olhos verdes refletiam determinação para que eu ficasse melhor. Naquele momento, eu me senti extremamente cuidada. E daquele momento em diante eu decidi que não deixaria que ela nunca mais me visse chorar. Queria absorver a determinação dela e com isso transformar lágrimas em novas portas para o destino.
É uma promessa que levo em mim até hoje. Porque é uma promessa que me faz viver cada dia mais intensamente que o anterior, e quero poder sempre viver o máximo, como ela me ensinou.
Ela me ama. E me ama muito. Muito mesmo. Acho que isso foi o mais difícil de perceber ao longo dos anos. Eu fui uma pessoa rebelde e revoltada, tive de ser humanizada de novo. E mesmo assim ela nunca deixou de me amar. Pelo contrário, ela me cuidou, me ensinou e demonstrou isso cada vez mais. Do jeito dela, óbvio, mas ela nunca me abandonou. Ela foi minha mais forte impulsora. Sempre me impulsionou para frente, para o futuro. E me empurrou em direção a ele quando eu queria fugir. Ela me apoiou mesmo a contra-gosto e mesmo sabendo que em algum momento eu ia quebrar a cara, ela me ajudou a seguir. Ela me deu base, me sustentou e me amou até quando eu estava errada. Ela me abraçou e me deu colo. Ela esteve ali o tempo inteiro. Mais silenciosa que o resto do mundo, mas sem nunca me abandonar, ela com seus cálidos olhos verdes, suas unhas curtas e bem pintadas e cabelos curtos e presos. Ela, que me cuidou durante anos e anos e sempre esteve presente nos momentos mais importantes da minha vida.
Ela é minha heroína. Porque ela lutou por mim quando fui abandonada, me colocou em primeiro lugar durante todos esses anos e nunca reclamou disso. Ela, que se matou de cansaço por mim e que até hoje me liga para saber se eu já comi. Obrigada mãe. A senhora foi a pessoa que mais me ajudou em toda a minha vida e que mais se sacrificou por mim. Eu nunca vou ter palavras para dizer o quanto a senhora é minha heroína e o quanto eu a acho incrível. Até porque eu sou uma criança perto de você e escrevendo isso eu estou chorando porque nunca nada será o suficiente para homenageá-la. Quando eu crescer, quero ser tão forte, tão incrível, tão foda quanto a senhora. E mais ainda: quero que tenha orgulho de mim. Porque eu não valho nada do esforço que a senhora põem em mim e mesmo assim um dia eu quero valer e fazer valer a pena tudo que já fizeste por mim. Eu te amo.

sábado, 3 de maio de 2014

Postagens Aleatórias #82

[...]Não, eu não acredito nesse seu amor.
É sério, desculpa, mas eu não acredito mesmo. E não encorajo ninguém a acreditar tampouco. Não consigo acreditar porque tem uma série de coisas que eu não acredito e que fazem parte do seu "amor". Eu não acredito em mentiras e em nenhum tipo delas. Mentiras são injustificáveis e pouco desculpáveis. Não há como aceitar mentiras, em nenhum grau de seriedade. E seu amor me parece uma mentira dessas tão feias que você não consegue mais saber onde começa. O fim dela já nem consegue ser visto. É um novelo de lã tão grande, tão enrolado, que nem um gato conseguiria tal façanha. Há tanta enganação e tragédia nesse seu amor que ele não é nem confiável. Uma coisa é não acreditar, porque isso é pessoal. Mas não ser confiável torna tudo pior. Um dia de "eu te amo" e outro de "eu te odeio" não serve. Viver nessa fantasia que você chama de realidade não me parece algo que se deva crer. Não consigo encarar essa sua realidade. Eu não consigo acreditar nas suas palavras. Seu amor para mim é uma farsa. Uma forma que você achou de não ficar só. Mesmo depois de tanto tempo. E aí você contou a mesma mentira tantas vezes que você acabou acreditando, porque parece verdade. Mas eu sei que não é. Você apenas se segurou a algo que salvou sua vida, assegurando-se de chamar de amor algo que eu classifico como necessidade. Então por favor, me desculpe se pareço pouco gentil. Mas isso que você está dizendo não é algo que eu vou acreditar.[...]

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E antes que alguém pergunte: NÃO, isso não é pra ninguém em especial. Esse veio de um conto perdido nos meus cadernos do ensino médio.

domingo, 27 de abril de 2014

Procurar por você

Hoje fui procurar por você. Por você e pelos vestígios que deixou em mim. Por que eu fiz isso? Porque eu queria saber o que havia mudado na minha vida desde que te conheci. 
Comecei por fotos.
Tínhamos poucas fotos. Poucas mesmo. Você nunca gostou ou fez questão, e eu que sempre fui apaixonada por fotografia deixei de lado esse meu aspecto particular por causa sua. Então fiquei surpresa ao procurar e não achar as poucas que tínhamos. Elas não existem mais. Não sei se foi por meu aspecto prático ou se por dor mesmo. Mas não as tenho mais. Nenhuma. Elas simplesmente se foram. Apenas existiam as fotos que tiramos em grupo. E nada mais. 
Deixei as fotos de lado, frustrada, e procurei por gostos.
Seu antigo gosto musical ficou em mim. E muito. Coisas que eu não ouvia antes simplesmente se tornaram parte da minha vida. Você transferiu essa parte sua para mim e mandou esse aspecto, que eu gostava tanto em você, para longe. Não existe mais aquele gosto seleto, aquela particularidade sua. Existe outra coisa.
Cansada de pensar nisso, eu procurei por mim.
É, procurei por mim mesma. O que tinha acontecido comigo. Eu olhei para a pessoa que eu fui, que me tornei e para o que sou. Eu era carinhosa, dedicada e gentil. Amável e completamente devotada as pessoas a minha volta. Isso era o que eu era. Passei disso para uma pessoa amarga. Dolorosa. E irritante. Fiquei dentro de um mundo de dor e perdi boa parte da minha personalidade. Me perdi de e em mim mesma. Eu fiquei fora de mim. Isso foi o que eu me tornei. E então eu passei por um processo de reconstrução. Eu tinha perdido meu sorriso, então reaprendi a sorrir. Eu não sabia mais ser carinhosa, então eu me dediquei novamente as pessoas que amo. E tinha me perdido de mim mesma, então eu me procurei, nos confins da minha dor e da minha consciência, para me colocar de volta onde eu deveria estar. Então, hoje eu simplesmente sou.
E quando fui olhar o que tinha sobrado de você em mim, eu descobri que as fotos que ainda remanesceram de nós era a única coisa que eu tinha de você. Isso pelo simples fato de que você me tirou da sua vida. E pra ser sincera, acho que isso não vai mudar.
Mas não se preocupe. Isso não me incomoda nem um pouco. Gosto do fato de que eu continuo eu mesma sem você por perto. Se antes você era o que me definia, agora eu me defino por mim mesma. Então não preciso mais procurar, não preciso mais procurar por você, porque sei que não vou achar.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Postagens Aleatórias #81

[...]Ninguém pode me ajudar hoje. Estou caindo fundo, sem conseguir enxergar a saída e nada para me apoiar. É um poço sem fundo. E não há ninguém para me segurar.[...]

domingo, 20 de abril de 2014

Postagens Aleatórias #80

[...] Eu arranho as suas costas, você puxa meu cabelo. Mordo seu pescoço, você beija a minha boca. Enlaço você pela cintura, você aperta minhas coxas. Sublime. Intenso. Perfeito. É êxtase, é desejo, é veneno. Porque corre por nossas veias, inundando nosso cérebro e nublando nossos pensamentos. E tudo se repete várias e várias vezes, até cansarmos. E quando nos recuperamos, começa tudo de novo e outra vez. [...]

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Postagens Aleatórias #79

[...]Eu a vira fazendo aquilo tantas vezes. E mais uma, eu iria estar ali por ela. Eu tirei-lhe os fones de ouvido e carinhosamente puxei-lhe para meu colo, cantarolando em seu ouvido sua lullaby. Aquela que eu criei para ela, para quando ela não podia ouvir música alguma. Com calma aconcheguei-lhe em meu ombro, embalando-a em uma calmaria perfeita. Seu problema com músicas envolvia algo que sempre mandei ela evitar: associar boas músicas a más pessoas. Eu vi isso se desenvolver. E vejo cada vez com mais tristeza isso se repetir. Começou com Shortinho Saint Tropez, onde a vi dar seus primeiros passos de dança e seus primeiros passos para a arte. Depois, foi para qualquer música do Bonde da Stronda, pois ali ela encontrava todas as respostas para todas as suas dores. Em seguida, Halo, e eu vi ela sentir dor por cada acorde presente na música, cada um trazia mais e mais lembranças. No meio do caminho, houve também Forever, With You e Hot Mess, onde ela se perdeu diversas vezes encontrando seu próprio ritmo várias e várias vezes. Após, foi a vez de Teenage Dream e Everything, que retratavam-lhe duas dores distintas, dois amores que lhe beiravam a loucura e tiravam sua sanidade, que fizeram com que questionasse tudo aquilo que ela era e que sempre fora. Vi ela sentir saudades ao ouvir Lágrimas nos Olhos, onde retratava seu passado mais querido e mais traiçoeiro. E durante maior parte dessas, vi ela sorrir como uma criança cada vez que cantava, ouvia e mandava Love story, sonhando com sua história com final feliz durante anos. Ela ainda ouvia esta última, era a que estava lhe atormentando novamente, depois de tantos anos. Uma música, uma combinação de fatores. Não adiantava, ela associava e tinha de parar de ouvir. Ela estragara boas músicas por associar a péssimas coisas. E aí eu ficava aqui, cuidando dela e tirando tudo de sua mente, enquanto ela tentava esquecer. Eventualmente ela conseguia voltar a ouvir as músicas, se perguntando como eu conseguia. Eu nunca tive o mesmo problema que ela. Eu evitei as situações em que ela se pôs. Ao invés de amar pessoas, eu amei músicas. E isso me tornava mais livre do que qualquer outra pessoa.[...]

domingo, 13 de abril de 2014

Postagens Aleatórias #78

[...]É engraçado como algumas situações me deixam incapacitada de expressar sentimentos. 
Com raiva, eu choro para não fazer estragos. Minha voz falha e só meu olhar demonstra meus sentimentos. Meu coração se aperta com o ódio e cala minha boca. Eu não consigo ferir ninguém com palavras com a quantidade de raiva que passa por meu corpo aquele momento.
Quando estou triste eu escrevo. Escrevo romances apaixonados e estórias épicas que parecem contos de fada. Meus olhos  ficam serenos, embora vazios. Minha voz se torna branda e meu coração fica sofrendo em silêncio. E a única coisa que faço para abrandar isso é escrever histórias de amor que aqueçam corações.
Mas quando eu estou feliz, eu não sei expressar. Eu mal consigo escrever quando estou feliz. Meus olhos se abrandam de uma forma quase apaixonada. Meus atos, sempre carinhosos, transpiram muito mais carinho que o normal e eu consigo sorrir até para o mais feio dos dias. Mas a coisa que eu mais gosto de fazer, eu não consigo. Não sai uma linha sequer quando eu estou feliz. E eu não consigo expressar corretamente minha felicidade para textos a ponto de que pessoas também se sintam felizes com meu trabalho. Eu raramente me sinto incapaz de demonstrar sentimentos. Mas a felicidade é um tão puro que me desarma completamente. [...]

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Postagens Aleatórias #76

[...]Eu observava o jeito que ela se mexia. A batida era pesada e agitada, mas isso não parecia incomodá-la. Bem pelo contrário. O olhar dela estava focado no espelho do estúdio, e ela executava uma série de passos complexos demais para que eu acompanhasse, embora eu soubesse reproduzi-los. Embora eu nunca seria capaz de reproduzir com o algo mais que ela o fazia. Ora lento, ora agitado. Ora feliz, ora emocionado. Ora sexy. Oh, Deus, terrivelmente sexy. Não era justo a forma que ela conseguia transformar uma série de movimentos em algo hipnotizante. E então ela ia do sexy ao inocente em segundos. Seu olhar vidrado nos movimentos para repeti-los perfeitamente. Eu conhecia isso muito bem.
"Há quanto tempo está ai?" ela me pergunta, e eu sorrio.
"O suficiente" ela sorri para mim e vem correndo em minha direção, pulando em meus ombros. Eu a abraço pela cintura e a beijo. Eu sou o homem mais feliz do mundo. E ela é minha eterna dançarina.[...]

domingo, 6 de abril de 2014

Postagens Aleatórias #75

[...]"O que você fez quando a vida te derrubou?"
"Levantei"
"O que você fez quando a vida te machucou?"
"Me curei"
"O que você fez quando a vida te matou?"
"Ressuscitei"
"E o que você vai fazer agora, que a vida te abandonou?"
"Me vigarei"
"Essa é a minha garota."[...]

Ela

Eram mãos, olhos e cheiros
Perfumes, cabelos e seios
Uma deliciosa mistura
De longo ódio e tenra doçura
Eu não sabia que estaria vidrado nela
Até ter de viver sem ela
O abandono de sua ternura
Acabou se tornando minha loga tortura
E tão logo lhe vejo
Sinto aumentar meu desejo
Eu não podia ficar longe dela
Mas minha vida estava sem ela
Nossas doces e maléficas ironias
Faziam-me miserável a cada dia
E então ela retorna
Porque ela me quer de volta
Sou novamente um homem sortudo
Que pode recuperar o que mais ama no mundo
Agora durmo bem
Porque agora ela me acompanha também
E minha cama não está mais vazia
Porque ela me acompanha com alegria
Obrigado por estar aqui

terça-feira, 1 de abril de 2014

Postagens Aleatórias #74

[...]"Doeu quando você se machucou mamãe?"
"Ah, doeu sim querida. Mas eu me recuperei da queda e aprendi a lidar com a dor."
"Mas mamãe, você ainda tem um buraco no seu coração, como pode ter se recuperado?"
"Ah querida, isso não é nada. Você deveria ver como era antes. Meu coração estava todo destruído. Agora só faltam algumas partes."
"Foi papai que concertou mamãe?"
"Não querida, foi ele quem terminou de quebrar."[...]

segunda-feira, 17 de março de 2014

Postagens Aleatórias #73

[...]Ás vezes, eu me sinto como o personagem do Christian Bale no filme The Prestige.
Um dia eu te adoro. E quero que você esteja por perto quando eu lhe chamar e que converse comigo para sempre. Nesse dia, quero sua atenção voltada completamente para mim e que nada mais importe. Quero ser o centro do seu mundo porque naquele dia, você é o centro do meu. Quero sorrir com você e por você. Quero que haja só nós dois, em nosso mundo particular, onde ninguém pode nos tocar. Só eu e você e nada mais.
Mas tem dias que eu não te adoro. Que eu adoro outra pessoa e que outra pessoa é minha fonte de adoração. Porque nesse dia você não é quem eu quero ver, ou de quem quero receber atenção. Porque nesse dia, sua voz me irrita, sua risada me enoja e seu olhar me afasta. Nesse dia, eu não quero contato com você, quero distância. Não quero conversar, te ver ou sequer pensar em você. Quero outra pessoa para ser o centro da minha existência.
Porque dentro de mim, eu tenho o mágico apaixonado pela Scarlett Johansson e ao mesmo tempo tenho o gêmeo dele casado com a Rebecca Hall, que diz o "eu te amo" mais sincero que pode. Eu tenho as duas personalidade presas dentro de mim, e quando uma aparece e não é sua Scarlett ou sua Rebecca que está ali lhe dando atenção, eu fico nervosa e boto os pés pelas mãos, afastando você.
Não é que eu tenha desafeto por você. É só que uma personalidade minha lhe adora. A outra, é apaixonada por outra pessoa.[...]

quarta-feira, 5 de março de 2014

Postagens Aleatórias #72

[...]Quero você.
Sem resguardos ou restrições. Quero você com aquele sorriso enlouquecedor e com aquela vontade que só você tem. Quero você de corpo inteiro. Sem problemas, sem dilemas e sem complicações. Quero sua mente focada em mim por um tempo e no jeito que aproveitamos esse tempo que é só nosso. Quero sua boca na minha, seu corpo colado no meu e seu sorriso cúmplice ao meu. Não quero vergonhas ou ressentimentos. Quero que você se divirta ao meu lado e me queira tanto quanto eu te quero. Só isso já me faz muito feliz. Porque o que eu quero é você, e eu quero agora. [...]

Postagens Aleatórias #71

[...]As cortinas fecharam e eu aplaudi sua encenação fortemente. "Bravo, bravo, bravo" eu gritava. Sua encenação foi tão convincente que eu tinha de aplaudir de pé por sua capacidade de encenar sua própria vida tão simplesmente, tão fácil quanto respirar. Bravo a você, que encena a vida como se estivesse no palco do teatro. Espero que tenha orgulho da sua hipocrisia e falsidade.[...]

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Postagens Aleatórias #70

[...]Obrigada por ter me incentivado de forma negativa.
Agradeço sinceramente mesmo. Agradeço por ter me rejeitado desde o segundo que me conheceu e por não ter me dado apoio nenhum durante os anos. Agradeço por ter me repudiado por eu ser mulher e por desmerecer-me por causa disso. Obrigada também por ter menosprezado minha capacidade de raciocínio e ter dito que eu não deveria ter formação. Que meu lugar era em casa. Obrigada por tudo isso. Obrigada pela constante recusa, falta de interesse e rejeição intensa, onde a única coisa que nos liga é uma convenção. 
Sabe por que eu agradeço? Porque isso me fez mais forte. Mais dura. Me fez trabalhar mais forte, aprender mais rápido. Ser melhor no que eu pudesse ser. Me fez mais esperta, mais sábia. Me tornou uma lutadora. E se hoje eu consegui atingir um dos meus maiores objetivos, foi porque você duvidou de tudo aquilo que eu já fui e daquilo que eu poderia ser. Foi graças a rejeição prematura que eu consegui chegar onde estou. E não graças a qualquer coisa que você fez. Nunca me ajudou. Mas eu nunca precisei realmente de você. A única coisa que você me deu foi ódio. E ódio foi um dos meus maiores propulsores. Ódio me fez crescer. Não desmereço as pessoas maravilhosas que me ajudaram no processo. Mas o ódio, o ódio foi meu maior incentivo de vida. Eu odiei com força o suficiente para quebrar meu próprio coração inúmeras vezes, até ficar indiferente. Indiferente a você. 
Obrigada pai por nunca estar presente e só ter sido fonte de material genético. Se eu devo algo a alguém, certamente nunca será a você. Mas obrigada mesmo assim. Sua rejeição foi bem utilizada. [...]

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Dono

Não me venha com charadas, não me venha com piadas.
Por você eu era apaixonada, por você fui abandonada
E agora que de você não preciso, e só te quero como amigo
Mas você dá uma de ofendido, diz que quer ter tudo comigo
Só que eu digo que não, você não é mais dono do meu coração

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Postagens Aleatórias #69

[...]Era uma tarde insuportavelmente quente. O suor escorria pelo seu pescoço. A franja grudava na testa por conta do suor enquanto tentava terminar seu trabalho. O ventilador estava a todo vapor e mesmo assim o vento saía enlouquecedoramente quente. Irritada com o excesso de trabalho e falta de concentração, resolveu ir até a janela para ver o que o dia lhe reservava. Não havia sol, o tempo estava bem fechado, indicando chuva. Só que estava abafado. Grunhindo um pouco, tomou um gole de água quando o celular ao seu lado indicou uma nova mensagem. "Eu te amo". Ironicamente, não se sentia no mesmo espírito. Então apenas ignorou e ouviu as trovoadas ao longe. Pegou sua chave, calçou os tênis e saiu porta a fora, ignorando o início de uma forte tempestade se manifestar. A chuva poderia estar caindo torrencialmente sobre si. Mas naquele momento, ela não ligava, ela só seguia sem rumo, completamente livre de tudo a sua volta. [...]

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Postagens Aleatórias #68

[...] Essa é a minha última tentativa. 
Primeiro, quero pedir desculpas. E pedir que me entenda e olhe pelo mesmo ângulo que eu. Quantas vezes eu fui tentar conversar e acabei no vácuo? Ou quantas eu fiquei te esperando e você não aparecia? Quantas vezes eu reservei um tempo só para você, para te dar preferência e só acabei frustrada? Quantas vezes tentei te fazer sorrir e o que ganhei foi ignorância e um pouco de desprezo? Por falar nele, eu até já perdi as contas da quantidade de vezes que você o praticou contra mim. Eu não costumo ligar e sempre tive mais paciência que o normal com você e sua mania irritante de querer me ver irritada. Você recebe mais atenção minha do que muito amigo meu. E tem muita gente por aí que gostaria de apenas um décimo do que eu reservo a você. E mesmo assim recebo quase nada em troca de você. Sabe, eu tinha algo muito importante pra te falar. Algo que poderia me fazer muito feliz, ou não, mas que eu não ligava nem um pouco, desde que você ao menos soubesse. Mas não ainda não falei. E agora eu fico aqui tentando tirar isso de mim porque me machuca mais que o normal. Meus amigos te chamam de sortudo filho da mãe, por ter toda a minha atenção sem esforço algum. Enquanto eu, o quanto eu preciso insistir para conseguir uma resposta sua? Magoa, machuca, dói. Você é tão indiferente a mim e meus esforços que chega e me quebrar por dentro. Se você ao menos imaginasse o quanto escrevo sobre você ou o quanto eu me importo mais que deveria, talvez eu me sentisse menos machucada. Há tantos que adorariam trocar de lugar com você nem que seja um pouco, para poder obter minha atenção que você sequer imagina. Tente entender, tente ver isso. 
Se conseguir, meu segundo pedido é que não fique bravo comigo. Tentar ficar longe foi o que melhor fiz para me magoar menos, mas mesmo assim doeu mais ainda. Foi uma tentativa, não pode me julgar por isso. Não brigue comigo por tentar te tirar da minha vida quando parece que eu não tenho espaço nenhum na sua. I miss you, and I'm telling you once more: Romeo take me somewhere we can be alone. [...] 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Postagens Aleatórias #67

[...]Você sabe o quanto eu te odeio?
Ou o quanto sinto sua falta em cada mísero pedaço da minha vida enquanto parece que você leva a sua vida se esquecendo da minha existência? Ou o quanto odeio todas as complicações que nos envolvem, principalmente a falta de tempo? Que odeio ter que ficar imaginando como foi seu dia ao invés de perguntar a você porque simplesmente você me faz mal? Pode não parecer, mas já sacrifiquei tanto por você e mesmo assim, você parece nunca sentir minha falta. Estamos sempre tão distantes um do outro, que eu me forço a te odiar para ver se dói menos. Porque dói, e muito. Cada dia dói um pouco a mais que o outro. E eu não sei mais o que fazer para que pare de doer. [...]

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Postagens Aleatórias #66

[...] A floresta estava silenciosa aquela noite. Sentada na relva entre as árvores, a jovem observava a falta de movimento ao seu redor. Não era comum toda aquela falta de ruídos. Não havia o som de cigarras, cricrilar de grilos ou sequer o coaxar de sapos. Animais noturno, como vaga-lumes, também não se faziam presentes. O uivar dos lobos então, estava morto. Era como se a floresta manifestasse algum tipo silencioso de luto. E isso com certeza não era bom O som de um galho se quebrando fez eco no silêncio e a jovem imediatamente se virou em direção a ele. Não havia nada ali, mas uma intensa sensação de perda tomou seu coração e transbordou por seus olhos, escorrendo em forma de lágrimas por seu rosto. Seu grito de dor ecoou por toda floresta, mas não havia ninguém para socorrê-la. [...]

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Postagens Aleatórias #65

[...]Eu parei o que eu estava fazendo no momento que me senti observada.
Havia um gelo na minha espinha, como se algo estivesse fora do normal. Varrendo a paisagem ao meu redor com minha visão, acabei por encontrar dois olhos intensamente azuis. Era um lobo. Seus olhos azuis estavam fixos em mim, me observando. Sua pelagem acinzentada, clara e perfeita não dava indícios de possíveis movimentos. Mas eu não sabia o que ele poderia fazer. Virei meu corpo, devagar, sob sua intensa observação, para poder ficar de frente a ele. Com calma, sentei no chão. Eu estava ciente de que correr era inútil, ele seria mais rápido que eu. Minha única chance era não despertar o interesse de caça nele. E era o que eu estava disposta a fazer. Passei a encarar seus olhos frios diretamente por muito tempo. Eu já estava contando as diferentes nuances de cores quando algo mudou. O olhar do animal ficou brando e, como um animal doméstico, ele se aproximou de mim, sentindo meu cheiro. Sem desviar dos olhos dele, deixei que se aproximasse e avaliasse, pelo meu odor, se eu era de confiança. Foi uma surpresa incrível vê-lo deitar a cabeça em meu colo, pedindo afago. Com um sorriso, eu passei minhas mãos calmamente por seu pelo grosso e invernal, sentindo a textura da proteção animal. A maciez sutil, embora resistente, me fez sentir vontade de não sair dali nunca. Ele ficou ali, de olhos fechados apreciando meu afago, por muito tempo. Ele só voltou a se mexer quando ouvimos um uivado ao longe. Ele voltou a me olhar, se aproximou do meu rosto e passou o focinho gelado gentilmente em meu nariz. Eu sorri e beijei e região com carinho. O rabo dele se mexeu, imagino que satisfeito, e ele me deu um último olhar. Eu sorri, o incentivando a ir embora, e ele grunhiu baixo, triste. E antes que eu pudesse olhar novamente, ele já havia se embrenhado na mata para voltar ao seu povo. Levantei, tirei as folhas das minhas vestes e dei as costas ao lugar imaginando quando veria meu lobo de novo. [...]

sábado, 4 de janeiro de 2014

Postagens Aleatórias #64

[...]Eu estava apaixonada.
Apaixonada pelo meu melhor amigo. Aquele que me irritava com suas besteiras e que atendia meus telefonemas de madrugada, quando eu precisava dele. Aquele mesmo que me via morrer por dentro cada vez que alguém me magoava, embora por fora eu parecesse a mesma de sempre. Porque nossa amizade era incrível e protetora, onde um sempre vai proteger o outro e sempre seremos família, e família nós sempre amamos.
Era apaixonada também por aquele idiota que me fazia rir. Aquele mesmo que eu me juntava, junto com o meu melhor amigo, para ganhar uma discussão e fazer os argumentos irem por água abaixo. Eu ficava feliz por ele encontrar uma pessoa que o fizesse bem. Porque, ao final, ele também fazia parte da nossa família, e, como sempre, nós amamos nossa família (mesmo que seja aquele primo chato).
E eu era apaixonada por aquele grande idiota que era parecido comigo. Aquele que tinha problemas vadios e que adorava me mandar longe. Aquele mesmo que me fazia enxergar a realidade e não tentava passar a mão por cima da minha cabeça. Ele tinha tantos problemas quanto eu e era impossível não amá-lo. Era quase como família (Deus me livre!).
Mas os três sabiam que eu era realmente apaixonada por ele. Aquele que fazia meu melhor amigo trincar os dentes, aquele que fazia o outro me distrair e aquele que fazia o grande idiota jogar indiretas (nem tão diretas assim) para o grande número de desculpas que eu recebia. Mas eles também sabiam que eu preferia qualquer um deles e ficar com esse outro aí. Eles me faziam bem. E isso era o que tornava meus dias mais felizes.[...]