quarta-feira, 20 de março de 2013

Língua

Estava lendo e resolvi criar. Uma short-one dessa vez, depois de tanto tempo sem criar.
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A língua dela coçava de uma forma quase dolorosa. Tinha algo estranho. Algo fora do lugar. E ela não conseguia discernir exatamente o que era. Havia começado há alguns poucos dias, dois ou três. Ela não lembrava. Começara devagar, sem ser notado e de forma inoportuna. Crescera de uma forma gradual e cheia de significados. Até se tornar um comichão doloroso e insuportável. Algo que não fazia perder sua concentração e querer chorar de frustração.
Outra coisa que lhe irritava era a forma trêmula que suas mãos pareciam viver. Trêmulas para acariciar seus cabelos longos e suaves, trêmulas para fazer suas anotações e definitivamente trêmulas e hesitantes para tocar outras pessoas, mesmo que isso fosse necessário. Elas não obedeciam os comandos de seu cérebro e pareciam ter vontade própria. Pareciam perder a força momentaneamente e isso a irritava.
E as respostas de seu corpo a estímulos diversos, como fome, dor de cabeça o ou simplesmente a dor, pareciam alterados. Estaria doente? Suas mãos não funcionavam, sua língua estava alterada e seu corpo parecia não responder a nada. O que estava errado? Não conseguia entender.
E então, um par de mãos encostou em sua cintura, e seu corpo pareceu corresponder automaticamente. Sua pele se arrepiou, sua força voltou e seu coração bateu em um ritmo desenfreado. Ela reagiu. Suas mãos deixaram sua fórmula tremulante para parar em cabelo macios, que não os de sua dona, e puxaram levemente, foi a firmeza que antes sumira. E sua língua?
Ah, sua língua agora estava em êxtase. Em contato com outra, de forma exigente, de um jeito lento e sedutor, que fazia com que seus outros sentido parecessem entrar em colapso por estarem trabalhando tanto em tão pouco tempo. E a coceira? Ela havia evaporado com o gosto dos lábios de seu companheiro.

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