quinta-feira, 19 de junho de 2014

Postagens Aleatórias #89

[...]Eu estava sentada embaixo da janela. O sol batia em minhas costas e eu me sentia confortavelmente entusiasmada com meu livro de aventura. Folheei mais uma página, rindo de uma piada, quando minha leitura foi interrompida por um par de mãos. Levantei os olhos para seu dono, que estava próximo o suficiente de mim para que eu sentisse sua respiração. Dois segundos foi o tempo que levou para ele pressionar seus lábios nos meus e arrancar-me um sorriso no processo. Satisfeito com sua obra, ele se afastou e voltou a sentar em seu computador como se nada tivesse acontecido. Meus olhos ainda demoraram a desviar de sua figura e voltar para o livro. Um tempo depois, tendo desistido do livro, eu olhava televisão distraída quando minha visão foi interrompida por um corpo que se pôs em minha frente. Eu levantei meus olhos, interrogativamente, e recebi uma careta engraçada e um sorriso. Comecei a rir desenfreadamente diante da palhaçada e, quando mais calma, peguei-lhe a mão. Beijei o pulso e sorri gentil, acariciando a pele dele com a lateral de meu nariz. Quando levantei os olhos para os dele novamente, seus olhos brilhavam e seu sorriso me consumia. Desviei meu olhar para longe, embaraçada, e ele saiu da minha frente para sentar ao meu lado. Apagou a televisão e virou meu rosto para o dele. Beijou meus lábios com lentidão e sem pressa. Suas mãos estavam sobre as minhas. Eu suspirei ao término do ato e deixei meus olhos encontrarem com os dele. Havia um sorriso ali. Assim como eu sabia haver em mim. Nunca fora tão fácil sorrir quanto era agora.[...]

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Postagens Aleatórias #88

Continuação direta da Postagem Aleatória #87
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Lily apareceu radiante em minha visão. Ela saltitava até mim como se não houvesse nenhum mal no mundo. Ao redor dela, sua aura de felicidade acabava por chamar a atenção das pessoas a sua volta. Ela saltou em minha frente e beijou-me os lábios com delicadeza, se espichando toda para ficar na mesma altura que eu. Sorri contra seus lábios antes de levantar o olhar para seu acompanhante. Passei o braço pela cintura da minha criança e a abracei contra mim, escondendo-a e beijando-lhe os cabelos.
- Apresente-o, criança - Demandei firme, olhando para o rapaz a minha frente com a sobrancelha arqueada. Lily sorriu contra meu pescoço e mordeu a região, afastando-se de mim logo em seguida.
- Lizzy, este é Heron - A minha criança se voltou para perto do rapaz que lhe acompanhava e abraçou-se a ele, beijando os lábios do mesmo em seguida.
Eu sorri de lado. Heron. Heróico. Isso soava quase irônico. O rapaz já tinha no nome o nível de sua missão com Lily: heróico. Eu apenas acenei com a cabeça para ele e comentei:
- Nome antigo. - Lily apenas sorriu encabulada para mim. Aquela era a minha criança.
Observei atentamente a interação entre os dois. Lily olhava para ele como se ele houvesse salvado-lhe a vida. Enquanto ele olhava para ela com olhos brandos e gentis. Eu diria apaixonados, mas isso apenas o tempo iria me dizer.
Lily havia passado um ano fora. Desde aquele lá ela havia entrado tanto nos estudos que eu tinha de arrastá-la para a diversão. Óbvio que eu cuidava dela. Mas mesmo assim...
Puxei o maço de cigarros do meu bolso traseiro e coloquei um na boca, olhando para o nada. Pela minha visão periférica, vi Lily apenas balançar a cabeça em irritação. Peguei o isqueiro dentro do meu bolso e acendi meu vício. 
O prazer da primeira tragada foi intenso.
- Isso vai lhe matar.
Eu rio irônica.
- Tem coisas piores.
Eu e Lily rimos e ela se despede de mim. Enquanto vejo ela caminhar de mãos dadas com o seu rapaz, eu fico observando sua aura serena emanar alegria. Havia algum tempo que eu não a via assim. Eu me esforcei mais do que eu podia para vê-la feliz. E nada no mundo se comparava àquela visão. Dou mais uma tragada  no cigarro quando sinto uma mão sobre meu ombro.
- Quem é ele?
Com um suspiro longo, me viro para James. Ele olhava fixamente para o casal que a pouco me deixara. Viro meus olhos para minha menina e suspiro pesadamente. James era um idiota. Um idiota que amava minha menina, mas ainda assim um idiota. Um idiota que conseguira perdê-la do jeito mais estúpido possível.
- É o noivo dela.
Os olhos de James apenas viraram imediatamente para mim, assustados. Em seguida, sua risada seca ecoa em meus ouvidos. Sua expressão era branca, embora eu conseguisse distinguir traços de dor por ali.
- Tarde demais, não? - Ele me perguntou, amargo.
- Eu te avisei.
Apenas coloquei o cigarro já apagado no lixo e saí andando. James ainda me chamou uma ou duas vezes, mas eu coloquei minhas mãos no fundo dos bolsos e o ignorei. Eu avisara ele sobre perdê-la. Ele havia perdido. E para uma espécie de herói. O herói que ela precisava.