Sei que sou distraída. Tenho essa capacidade atroz de sê-lo. Costumo não reparar nos lugares que ando ou nos hábitos das pessoas com quem falo. Só não sou distraída quando estou brava, que é quando minha concentração está no ápice e começo a ver cada detalhe da pessoa para penetrar defesas. Auto-preservação demais de minha parte, se querem saber. Mas em geral eu sou bastante distraída. Costumo não prestar atenção no que as pessoas falam, mas meu cérebro processa suas palavras. Ao menos isso funciona bem.
Entretanto, no dia a dia, eu sou bastante distraída. Quando estou lendo algo por exemplo, não presto atenção em mais nada, a não ser que meus olhos desviem do texto. Aí sim, eu começo a olhar em volta para saber o que está acontecendo. Apesar de minha audição privilegiada, eu sou bastante seletiva com as coisas que ouço. Minha distração faz com que algumas coisas sejam processadas pelo meu cérebro e não sejam absorvidas ou respondidas.
Então, hoje, ao olhar a minha mão direita, eu notei que havia o auge da minha distração em meus próprios dedos. Passo o tempo todo com eles a altura da visão, mas esqueço do objeto que por ali se mantém. Lembro claramente da ocasião (feliz ocasião diga-se de passagem) em que ganhei esse singular e singelo objeto que tanto adoro e também ignoro por um longo tempo devido a minha distração.
Eu estava na casa dele,sentada no chão (sua casa passava por reformas, mas devido ao tempo que eu passava por lá, mais que ele diga-se de passagem, a casa era mais minha que dele), esperando ele tomar banho quando vi a sacola e dei uma risada. Com certeza ele fora bobo o suficiente para deixar as coisas espalhadas por aí, ainda mais a minha vista, quando era pra ser uma surpresa.
E assim que ele saiu do banho, tentou me surpreender. Minha expressão cética o deixou sem graça, mas a culpa não era exatamente minha por deixar as coisas espalhadas por aí. Ele me deu a caixinha e fez o pedido. E rindo, eu aceitei. Isso já aconteceu há 1 ano, 5 meses e 21 dias. Quase um ano e meio. E nesse período, eu nunca deixei nosso compromisso de lado. Pelo contrário, virou uma parte importante da minha vida.
Mas o objeto, ah, esse sim meio que ficou esquecido em meu dedo. Por esse longo período, com altos e baixos, eu estive feliz com o compromisso associado ao objeto (não que o compromisso dependa do objeto, mas o objeto depende do compromisso), mas hoje dei-me conta que tenho o objeto em meu dedo, mas havia esquecido dele.
Claro, o sentimento que há depositado no objeto não foi esquecido, mas o objeto, que se tornou tão comum na minha rotina, acabou sendo esquecido. Nunca mais o tirei, mas também dificilmente lembro que o tenho no dedo.
Minha distração conseguiu abstrair o anel de mim mesma, mas nunca o compromisso que me faz tão feliz que está associado a ele. Além disso, apesar de não lembrar do anel de namoro em meus dedos, eu sempre lembro do maravilhoso namorado que tenho.
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