[...]Estávamos a caminho da minha casa, rindo e brincando. Eu gostava disso. Da forma como o sorriso dele fazia meu coração dar saltos e de como eu gostava de importuná-lo e ser implicante com ele. Só que eu sabia que ele não encarava as coisas como eu. Eu deveria ser sua irmãzinha, sua melhor amiga, algo assim. Nunca seria o que eu de fato queria há muito tempo. Nós paramos em frente ao meu portão com sorrisos no rosto e uma cumplicidade que me deixava eufórica. Eu viro para ele com um sorriso no rosto, pronta para me despedir quando a idéia surge. Eu não sabia se ia acabar fodendo com tudo ou deixando algo um pouco mais claro. Sei que a possibilidade das coisas serem do jeito que eu queria era mínima, por isso nem sonhar eu me permitia. Mas mesmo sabendo de tudo isso, resolvi tentar.
"Hey, pode fechar os olhos para mim? Quero lhe dar algo"
Ele olhou para mim desconfiado. Era natural essa nossa reação um com o outro. A cretinice e canalhice que havia entre nós era algo que nos levava a pensar duas vezes antes de confiar, em certas situações, um no outro.
"Por favor" continuo "Prometo que não vou fazer nada de ruim." quando percebi que ele ia acatar meu pedido, acrescentei "Por favor, não espie"
Ele fez o que pedi.
Coloquei seu rosto entre minhas mãos, passando meus polegares por suas bochechas macias e que eu amava apertar. Ele era o auge da fofura e tive que segurar um suspiro ao constatar isso. Ele era muito, e eu gostava tanto disso que conseguia ignorar seus ataques dramáticos. "Não se mecha" falei, enquanto aproximava meu rosto do dele devagar. Eu tinha medo do que eu estava fazendo, mas ao mesmo tempo, me sentia eufórica e corajosa pela tentativa. Ela valeria a pena. Encostei de leve meus lábios nos dele, devagar e segurando a respiração. Meu coração chegou a falhar uma batida. Eu quase não acreditava. Colei nossos lábios um pouco mais, só uma pressão a mais, para que minha memória se lembrasse. E me afastei.
"Pode abrir agora"
Eu desviei o olhar do dele e falei sem olhá-lo "Não sei se você sabe, mas sou apaixonada por você há anos. Não me importo de ser só sua amiga, mas eu precisava tentar. Não ia conseguir conviver comigo mesma se eu não tentasse". Eu levantei os olhos e fitei os dele com carinho "Obrigada por me deixar fazer isso"
E antes que ele respondesse algo, eu entrei pelo meu portão e sumi dentro do meu prédio. [...]
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