segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Dor e Destruição


Às vezes a dor era real. Mais do que isso. Ela era opressora. A dor começava do lado esquerdo do peito. O coração batia pesado e devagar, como se algo não estivesse certo. A dor então se espalhava em forma de agonia e ia para os pulmões, dificultando a respiração. A respiração ficava então rasa e parecia nunca transportar oxigênio algum. Você se sente então desregulado. Como se algo estivesse fora do lugar. O que acontecera? Porque doía tanto?
Ao se espalhar novamente, a dor atingia seus olhos. Começava a acumular líquido aos contos dele enquanto sua visão embaçava. A dor para respirar, as batidas do coração, tudo parecia doer demais. Você pisca, perdendo a habilidade de enxergar e tudo passando a virar meros borrões.
Você se sente inapto a controlar qualquer parte do seu corpo. Os movimentos são detidos, cegos pela dor, e mesmo movimentar os dedos lhe traz desconforto. A imobilidade vem como uma segunda natureza e você se sente perdido.
O desespero te corrói.
Não há nada mais o que fazer. 
Então um grito engasgado sai do fundo da sua garganta e você afunda naquele mar de dor, miséria e solidão. Não há mais nada. Apenas você, sozinho, sem ninguém para curar seus ferimentos. A dor não lhe engana: ela vai continuar a arder em você até não sobrar mais nada.
Não que tenha sobrado de qualquer jeito. Você já está destruído.

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