domingo, 8 de setembro de 2013

Tenshi

Ela olhou para a janela do seu quarto entendiada. E triste. Muito triste. Ele não estava ali, como ela sabia que aconteceria. Mas saber do fato não mudava a dor que ele acarretava. Ela simplesmente queria sumir, desaparecer da face da terra para que aquela dor parasse de dragá-la para o fundo do poço. Colocou os fones de ouvido de volta e tornou a olhar a mensagem no celular.
"Não vou poder ir para te ver. Desculpe"
Desculpe.
Como se aquilo fosse uma explicação para sanar a dor que sentia. Fechou os olhos, sentindo-os ficarem úmidos, e aumentou o som. Precisava que sua cabeça ficasse vazia de todo e qualquer pensamento possível, para ver se a dor passava. Torcia para que a música pudesse dragá-la para um universo insípido, onde não haveria dor.
Três horas de rock intenso depois, ela sentiu o celular vibrar. Um nova mensagem.
"Não pude ir, mas pedi para um amigo meu te levar algo. Vá atendê-lo, está aí na frente"
Ela fez uma careta. Seria mais uma coisa para ela ficar encarando até cansar e chorando abraçada de saudade. Isso a irritava, mas ao mesmo tempo lhe deixa curiosa em relação ao que poderia ser. Arrumou a blusa no corpo e colocou pantufas. Saiu do quarto e andou até a porta do apartamento. Desceu as escadas do prédio quase se arrastando, apesar de querer o que quer que fosse que ele tinha lhe mandado, não era ele, ainda assim. Ele era  única coisa que ela queria.
Quando abriu a porta da frente, ela quase deixou a as lágrimas virem.
- Hey.
Ele estava ali.
- Você disse que...
Ele sorriu largamente e se aproximou, as mãos nos bolsos e atitude relaxada, como se não fosse grande coisa.
- Eu disse que não ia vir para te ver. Não disse nada sobre vir para ficar com você. - Ele se aproximou dela com um sorriso presunçoso nos lábios e a abraçou - Desculpe a demora. Tadaima, watashi no shugo tenshi
Com todo cuidado, ele beijou-lhe a testa com carinho. Ela sorriu entre o choro e segurou-lhe o rosto, ainda dentro do abraço.
- Watashi no tenshi okaerinasai. - ela falou em resposta, erguendo-se na ponta dos pés para ficar de igual altura com ele.
Olhou-o nos olhos com carinho e beijou-lhe os lábios suavemente, sentindo seu coração parar de doer. Ele estava ali. E ela não tinha mais nada para chorar.

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