[...] Eles não se amavam. Ninguém sabia e ninguém acreditaria se contassem o contrário. Mas algo os unia, apesar de não conseguirem ficar juntos. Simples. Complexo. Quase impossível. Mas algo deles. Ele continuava vivendo sua vidinha idealizada e ela continuava idealizando sua vidinha. Alguns iriam dizer que essa era a vida deles. Outros diriam que eles deveriam ter mais. Eles preferiam apenas aproveitar o que tinham. Se fossem apenas palavras jogadas ao vento para que o vento transportasse as palavras que ficavam presas na distância entre os dois. Se fossem olhares trocados a distância, tímidos e saudosos, para que não se perdessem um do outro. Se fosse um abraço apertado, onde um implora para o outro que não deixe ir embora. Se fossem apenas palavras não ditas, onde olhares deveriam demonstrar tudo. Então que assim fosse. Por que no final, ela queria ele, e não havia dúvidas disso. E ele, bem, ele estava com ela, não? Então todas as noites ela pensa nele, e sonha em tê-lo em seus braços, para sempre. E todas as manhãs ele pensa nela, olhando para a mensagem que ela sempre lhe manda antes de dormir. E assim vão vivendo até quando a vontade de estar com o outro for maior do que tudo e um deles resolva fazer uma loucura. Como ela, aparecendo na porta da casa dele, de madrugada, sob a chuva, apenas para lhe roubar um abraço. Ou como ele, aparecendo de surpresa em um fim de semana qualquer para visitá-la e roubá-la só para ele por alguns momentos. Eles sempre terão dentro de cada um algum pedaço do outro. E mesmo sorrindo por ai, cada um sabe a falta que o outro faz. Eles vivem nesse encontro e desencontro amoroso, que vira um caso e acaso da vida com o tempo. E imaginam os abraços, as noites com dores nas costas esquecidas pelo primeiro sorriso do outro. No momento certo, eles vão ficar juntos. E dessa vez, será para sempre.[...]
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